Tuesday, June 29, 2010

Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança.


"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da
palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma
lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como
pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso
da solidão no meio de outros". Clarice Lispector

Friday, June 18, 2010

A INVENÇÃO DA VIDA

“A vida é uma grande invenção!”. Quem disse isso foi Ferreira Gullar, num documentário sobre Vinicius de Moraes, exibido pelo Canal Brasil em 16 de outubro de 2008, produção que, desde a concepção, até a realização final, merece todos os elogios possíveis e imagináveis. Mas meu objetivo não é comentar o programa, cuja avaliação pode ser resumida numa única palavra: “excelente!”. Isso basta (pelo menos por enquanto, pois não resisto à tentação de voltar, oportunamente, ao assunto).


O que ficou martelando, insistentemente, em meu cérebro, foi essa declaração de um poeta, falando sobre outro. Refleti muito sobre o assunto e concluí que Gullar foi de extrema felicidade ao fazer essa enfática afirmação. Aliás, escrevi páginas e mais páginas sobre o assunto (o leitor é testemunha), embora, óbvio, sem o poder de síntese que só um poeta desta envergadura tem.

Pois é, a vida é, de fato, uma grande invenção. Cada qual, com seu esforço, talento, imaginação (e, como diria Ortega y Gasset, “circunstâncias”) elabora o próprio enredo, com a participação ou não de coadjuvantes. Uns (temo que a maioria) optam por tornar essas histórias autênticos filmes “noir”, repletos de melancolias, tédio e horror. E depois dizem “odiar” a vida. Pudera! Mesmo estes, porém, desconfio, odeiam-na somente da boca para fora. Caso não fosse assim, não se mostrariam tão apavorados quando a “niveladora dos homens” surge para os levar à presença do “barqueiro de Caronte”, para a travessia (sem volta) do Aqueronte.

Há os que vão mais longe, em sua psicose, e transformam suas vidas num assustador filme de terror. Esses, ai, ai, ai... Outros tantos, fazem-na um western, daqueles com muitos tiros e uma infinidade de socos e pontapés, em que o mocinho sempre vence no final e finda por se casar com a mocinha, com a qual vive feliz para sempre. Só que, tolos que são, reservam, para si, o papel do bandido. Que estúpidos!

Há, por outro lado, os masoquistas, os que adoram sofrer, mesmo sem motivos para sofrimentos (que, também, inventam). Estes têm prazer mórbido em narrar suas desventuras, fracassos e dores (estas, na maior parte, claro, inventadas). São os que vivem se queixando, da manhã até a noite, achando que são as pessoas mais infelizes e sofredoras do mundo. E de tanto quererem isso, de fato se tornam nisso. Tratam-se daqueles chatos que fazem de uma reles dorzinha de cabeça, doença potencialmente letal.

Basta que, na roda em que entram, para participar de uma conversa informal qualquer – sobre mulher (tema predileto e recorrente), por exemplo, ou futebol, ou simplesmente para fofocar – alguém mencione, mesmo que de passagem, alguma moléstia. Pra quê! Incontinenti, assumem o centro do palco. Nesses momentos, tomam a palavra, sem a menor cerimônia e nenhum convite, e desfiam intermináveis rosários de achaques, apresentados em detalhes e que, se de fato tivessem, estariam a sete palmos abaixo da terra e não enchendo o saco de quem pretende, apenas, espairecer. São os tais dos “espalha-rodinhas”. Conheço inúmeras pessoas assim. Estou certo que o leitor também conhece, não é mesmo?

Por que não inventar enredos em que sejamos sempre alegres, mesmo sem motivos para alegria, bonitos (mesmo que sejamos reflexos de Frankenstein) e vencedores? Por que levar as coisas tão a sério, se o nosso tempo de vida é tão curto e não temos a mínima noção se haverá um depois? E, se houver, como será? E se não sabemos sequer se no minuto seguinte estaremos, ou não, vivos? Por que não aproveitar o presente, enquanto presente, sem deixar de planejar o futuro, contudo sem nenhuma grande ilusão, pois poderemos sequer ter algum?

Por que esta obsessão de juntar, juntar e juntar, dinheiro, imóveis, bugigangas, bobagens tidas e havidas como riquezas se, no íntimo, o indivíduo já sabe que, mal o seu corpo esfrie e comece a se decompor, antes mesmo de ser sepultado, seus filhos já estarão se pegando a tapas para dividir tudo o que juntou? E, provavelmente, irão esbanjar e perder em poucos anos (se não dias) o que gastou uma vida inteira para acumular. Ou, pior, a pessoa que lhe jurava amor eterno, em questão de semanas, após sua morte, poderá se juntar com um pilantra qualquer (a probabilidade não pode ser descartada), que talvez torre todas essas economias, feitas com absurdos sacrifícios, zombando de quem as juntou.

Por que não amar as mulheres que o acaso lhe oferece de bandeja? Por que não se divertir com os amigos que as circunstâncias juntam? Por que não visitar os lugares que tanto deseja? Por que não sorrir, não agradar os sentidos, não cantar, não dançar, não amar? Sim, apontem uma razão, uma única, para não fazer tudo isso.

Quem não quer (ou não sabe) usufruir disso tudo, merece o sofrimento que tem. É uma pessoa tacanha, mesquinha, estúpida, totalmente despida de imaginação. Não sabe inventar uma vida que preste! E que se danem os moralistas de plantão e os onipresentes “idiotas da objetividade” que quiserem brandir seu dedo acusador diante do meu nariz por causa das minhas observações.

Pedro J. Bondaczuk

ESPANTO E SURPRESA

Espanto e Surpresa
Por
Pedro J. Bondaczuk




A capacidade de sentir (e de manifestar) espanto face a
acontecimentos inusitados ou incompreensíveis e, sobretudo, com o
mistério da vida, e surpresa diante de ações e reações (próprias e/ou
alheias) é a principal característica das pessoas “inteligentes” (no
sentido lato da palavra, ou seja, das que entendem, posto que
minimamente, sua condição humana).

Muitos já não a têm. Alguns, nunca a tiveram. É uma lástima! Albert
Einstein escreveu, em seu livro “Como vejo o mundo”, que “se alguém não
conhece esta sensação, ou não pode mais experimentar espanto ou
surpresa, já é um morto-vivo e seus olhos se cegaram”. Exagero do
cientista? Longe disso!

Há quem jamais tenha sequer tentado fazer um exercício mínimo de
racionalidade. Estes jamais se questionaram, por exemplo, sobre o que de
fato são, qual a posição que ocupam na escala animal e que propósito
suas vidas têm. Afinal, queiram ou não, tudo no universo tem algum
motivo e objetivo, mesmo que não tenhamos capacidade de discernir quais
são.

Há quem viva por viver. Estes são incapazes de raciocinar por si sós e
têm que ser “programados” para exercer funções mínimas que os
caracterizem como humanos. Argumenta-se, amiúde, com a falta de
oportunidades dessas pessoas, o que não deixa de ser real. Para pensar,
todavia, sequer é necessária qualquer instrução. Há pessoas analfabetas
que, no entanto, são inteligentíssimas e entendem, mesmo que
intuitivamente, o que muitos doutores, com inúmeros diplomas acadêmicos,
jamais entenderão.

Nosso remoto ancestral, por exemplo, não tinha instrução nenhuma, óbvio.
Não sabia ler e nem escrever, porquanto sequer o primeiro e rústico
alfabeto havia ainda sido inventado. E, no entanto, soube como sair da
caverna primitiva, domar a natureza, adaptar-se às suas forças e leis e
lançar os fundamentos da atual civilização. O homem contemporâneo, com
toda sua empáfia e arrogância, não passa de pigmeu intelectual. Tudo o
que faz e que pensa, não passa, em certa medida, de plágio, posto que
com acréscimos pessoais (pudera!) das obras e pensamentos dos remotos
ancestrais. Só parece gigante por estar nos ombros deles.

Todos somos dotados desse mecanismo fantástico que nos permite, entre
tantas coisas, nos espantarmos e nos surpreendermos. Afinal, todos somos
dotados dessa capacidade que nos distingue não só dos demais animais,
mas de todos os seres vivos: o raciocínio.
Como não se espantar ao contemplar, por exemplo, numa noite de Lua
Cheia, o céu estrelado e ver, até onde nossa vista alcança, milhões,
bilhões, quiçá trilhões de pontos de luz, cada um deles um sol, a
maioria de dimensões até cinco vezes maiores do que o nosso, muitos dos
quais com vários planetas ao redor e (conforme as probabilidades
matemáticas) com cerca de 300 mil com o tamanho e as características da
Terra? São habitados? Por que (tanto faz se a resposta for positiva ou
negativa)? Em caso positivo, por quem? Há vida inteligente alhures?
Onde?

Infelizmente, esse mistério não causa a menor emoção em muitos (diria,
na maioria), que se julgam “realistas”, objetivos (na verdade não passam
do que o jornalista Nelson Rodrigues classificava de “idiotas da
objetividade”). A que realidade eles se referem?

Que realismo é esse em que os que se dizem dotados dele sequer intuem (e
nem mesmo se questionam) “quem” (ou “o que”) são? Em que não os
preocupa saber onde estão? Em que não manifestam a menor curiosidade
sobre para que existem, e para onde vão, ao cabo de parcas dezenas de
anos (se tanto), se é que há algum destino além deste, material?

Einstein concluiu (e por isso também merece a justa classificação de
“gênio”, de um dos raros gigantes da espécie), que essa intensa emoção
causada pelo mistério da vida “é o sentimento que sustenta a beleza e a
verdade, cria a arte e a ciência”. Sem ela, estaríamos, todos, ainda,
nas cavernas primitivas (se não fôssemos, claro, destruídos antes, o que
é mais provável, dada nossa incrível fragilidade física, comparada à
força dos demais animais), desorganizados, nos digladiando por comida,
apavorados com os fenômenos naturais ao nosso redor, sem contar, sequer,
com uma linguagem coerente para nos comunicar, grunhindo como os
símios, com os quais temos algumas semelhanças.

Há tanta coisa que nos causa espanto e é mister que seja assim. Mas
nossa condição humana exige que busquemos entender o que nos espantou,
mesmo que não o consigamos. Temos o instrumental necessário para
procurar esse entendimento. É nossa obrigação fazê-lo, até em respeito à
nossa descendência.

Outrossim, não podemos deixar morrer em nós a capacidade de nos
surpreender, com a beleza, com o horror, com a bondade latente, com a
maldade, com a justiça, com a violência, com o bem e o mal etc. E,
sobretudo, a de nos espantar, sempre, com os inúmeros mistérios que
cercam a vida.

Wednesday, June 16, 2010

A MÚSICA É A LINGUAGEM UNIVERSAL


Penso que a música é a melhor coisa desta vida
penso até que sou música !
meu nome é Música ...
estava no piano a tocar há pouco
e nesta hora esqueço tudo ...
é como num ato de fazer amor ,
a fantasia , o prazer , o orgarmo artístico ,
emocional ...
se as pessoas imaginassem este efeito maravilhoso
que a arte faz ,
todas acionariam este poder
que temos em potencial ,
a cultivariam mais ...
Todos os seres humanos têm a arte em latência ,
como em uma semente ,
basta que a deixemos
germinar ...
É uma libertação das preocupações do cotidiano
é luz , calor e energia ...
atração , fascinação , tesão , amor , tudo ...
paixão intensa , imensa ...
desafiando as minhas crenças ,
eu não poderia viver sem ela ...
É uma delícia deslizar nas teclas do piano
e sentir ... a sensibilidade jorrar e me falar ...
que minhas ansiedades são descabidas ,
de nada adianta lamentar por coisas
que de mim não dependam ,
melhor aceitar tudo como se apresenta ...
tocar o barco
e deixar a vida me levar ...
numa sinfonia de sensualidade e paz .

sandra waihrich tatit